Título

quarta-feira, fevereiro 07, 2007

Just Like Someone(s) I know...

quinta-feira, dezembro 14, 2006

Um Homem Na Cidade

Agarro a madrugada
como se fosse uma criança
uma roseira entrelaçada
uma videira de esperança

Tal qual o corpo da cidade
que manhã cedo ensaia a dança
de quem por força da vontade
de trabalhar nunca se cansa.

Vou pela rua desta lua
que no meu Tejo acende o cio
vou por Lisboa maré nua
que desagua no Rossio.

Eu sou um homem na cidade
que manhã cedo acorda e canta
e por amar a liberdade
com a cidade se levanta.

Vou pela estrada deslumbrada
da lua cheia de Lisboa
até que a lua apaixonada
cresça na vela da canoa.

Sou a gaivota que derrota
todo o mau tempo no mar alto
eu sou o homem que transporta
a maré povo em sobressalto.

E quando agarro a madrugada
colho a manhã como uma flor
à beira mágoa desfolhada
um malmequer azul na cor.

O malmequer da liberdade
que bem me quer como ninguém
o malmequer desta cidade
que me quer bem que me quer bem!

Nas minhas mãos a madrugada
abriu a flor de Abril também
a flor sem medo perfumada
com o aroma que o mar tem
flor de Lisboa bem amada
que mal me quis que me quer bem!

Ary Dos Santos

terça-feira, dezembro 12, 2006


quinta-feira, novembro 30, 2006

(Pri)Madonna?

"My guest today is no stranger to controversy"...
Oprah Winfrey inicia assim a entrevista com Madonna, no mês passado, no dia em que a cantora decide explicar ao mundo os factos relativos à adopção de David Banda.
Há mais de 20 anos que Madonna sabe, de facto, o que é estar debaixo de fogo e ser criticada pelas formas que usa para exprimir opiniões, alertar consciências e (obviamente) vender discos. Nada disto é estranho para ela. O que é estranho é que tantas personalidades e instituições ainda caiam na esparrela de responder na medida exacta que ela (meticulosamente) calculou. A fórmula é tão repetida que não se percebe como ainda se cai na armadilha de dar de bandeja a Madonna aquilo que a outros custa tanto a pagar: publicidade.
Em Maio deste ano, estreou em Los Angeles a Confessions Tour, onde Madonna apresenta sobretudo o seu último álbum, "Confessions on a Dancefloor", intercalado com meia-dúzia de antigos sucessos. Na altura da estréia, a digressão tinha já quase todos os espectáculos esgotados para os meses seguintes, ameaçando bater o record (o que veio a concretizar-se) da tournée mais bem sucedida de sempre de uma artista feminina.
A NBC anunciou, entretanto, que iria gravar o espectáculo para um especial transmitido em Novembro, gravações essas que dariam também origem ao DVD previsto para Janeiro. E imediatamente começou a circular pela Internet uma petição, promovida pela American Family Association, visando boicotar a transmissão de uma das cenas incluídas no espectáculo. No título lia-se: "NBC, Madonna Set To Mock The Crucifixion of Christ."
Mas que cena é essa que já tinha provocado também a ira dos Ortodoxos Russos, do Vaticano (aquando da passagem da digressão por Roma) e até de altas instâncias de países como a Dinamarca onde o espectáculo foi vigiado por representantes do Governo?
Para além de analisar a cena propriamente dita, há que entender o espectáculo de Madonna como uma encenação teatral que vai muito além do padrão regular de um "concerto de música". A cantora começou cedo a utilizar o palco dos seus concertos como um espaço de expressão onde os seus êxitos se transformam em conceitos, manifestos, seguindo uma linha condutora que visa, mais que apresentar canções alinhadas sem critério, juntá-las num todo com uma mensagem adjacente. Letras, ritmos e coreografias passam a servir conceitos e mensagens, subvertendo ou modificando, por vezes, o significado original das canções.
Foi o que aconteceu com "Live To Tell", na "Confessions Tour".
O segundo bloco do espectáculo começa com uma sequência em que três bailarinos confessam experiências difíceis da sua infância, que todos eles acabaram por ultrapassar, enquanto executam uma exigente e dramática coreografia, numa mensagem de incentivo, luta e esperança. Em seguida ergue-se uma gigante cruz de espelhos, onde Madonna canta "Live To Tell". Por cima da cantora, um contador vai somando um número astronómico que se trava em 12 000 000, o número de crianças que em África estão órfãs da Sida.
Nesta altura Madonna desce da cruz:
"If I ran away, I'd never have the strength To go very far
How would they hear the beating of my heart
Will it grow cold
The secret that I hide,
Will I grow old
How will they hear
When will they learn
How will they know?"
Nesta altura lê-se, nas telas gigantes:
"For I was hungy, and you gave me food
I was naked and you gave me clothing
I was sick and you took care of me
And God replied,
Whatever you did for one of the least of my brothers...
you did it to me." Mathew 25:35
Esta mensagem, a meu ver, não é uma ridicularização dos ensinamentos de Cristo, mas uma forma teatral de os exaltar e difundir, servindo, neste caso, um propósito concreto e bem definido: a ajuda a Àfrica e à fundação Raising Malawi, fundada pela própria Madonna.
Terminada "Live To Tell", segue-se a novíssima "Forbidden Love", em que ainda com a cruz em fundo e através de uma coreografia original se apela à união entre povos, neste caso Israel e Palestina como exemplo de uma Paz ansiada.
Mockery of The Christ? Não me parece. Parece-me, sim, um exemplo de arte e entretenimento aliado a um propósito legítimo e digno, de mobilização por uma causa.
Manobra de publicidade? "Claro que era uma manobra de publicidade", diz Madonna em entrevista a Meredith Vieira, "todo o meu espectáculo era uma manobra de publicidade, faço concertos para vender discos e chamar a atenção para aquilo em que acredito".
A NBC retirou partes de "Live To Tell" do seu especial "Confessions Tour", mas no resto do mundo o concerto será transmitido sem censura.
Em Portugal, a RTP está a negociar a compra do programa e anunciará em breve a data da transmissão.
O DVD está previsto para Janeiro.


Nada como ver para poder julgar... Abaixo o vídeo de "Live To Tell", ao vivo em Londres!

terça-feira, novembro 28, 2006

Tô Dji Vorta Do Brásiu!

Bater contra uma parede.
È essa a sensação ao sair do conforto do ar condicionado do avião e chocar contra aquela massa de ar quente, húmido e pesado do clima tropical do Nordeste do Brasil.
Durante os primeiros dias ia sentir-me meio zonzo... Demora um bocado a habituarmo-nos a respirar aquele ar pesado e quente.
O percurso entre o Aeroporto de Recife e Porto de Galinhas dura quase uma hora, por paisagem alternada entre o verde dos coqueiros e a miséria do povo. A miséria está sempre lá, mal viramos a esquina que separa o conforto encenado do hotel da realidade de quem a tempo inteiro vive a má sorte de ter nascido nos 90 por cento de Brasileiros que são pobres. Tão perto na distância, como longe na realidade, dos outros 10 por cento de pecaminosamente ricos.
Praia, praia, praia... Mas bronze, nem vê-lo... O sol é tão forte que não aguentamos mais de 10 minutos seguidos debaixo dele. Só nos últimos 2 dias desta semana de férias ia conseguir ganhar uma cor mais... saudável, digamos.
A minha mãe queixa-se de tédio, ficar esparramada na praia ou na piscina horas a fio não é do feitio dela, e ao fim de 3 dias alinhávamos no "City Tour", que nos levou à cidade do Recife e a Olinda.
O Recife é triste, cinzento e feio... Parece uma Costa da Caparica mais extensa e com alguns arranha cèus modernos pelo meio... A única diferença é que na praia há tubarões e por isso nem tomar banho se pode!
Olinda é típica, alegre, cheia de cor.
De volta à vida inerte de praia/piscina, o tempo dá para pensar, pensar demais... O tempo excessivamente livre é, definitivamente, amigo dos meus pensamentos tristes e maus agoiros. Sem mais nada sobre que ponderar ou experenciar, começo a sentir cada ponto do meu corpo e em cada um deles uma doença, dor ou ardor suspeitos. Chamam-lhe hipocondria. Deve ser. De qualquer forma, urge um check-up total para me descansar destes sintomas estranhos que tenho sentido. Alguém me obrigue a levantar o rabo da cadeira e ir fazê-lo, se faz favor!
Depois de mais um dia de praia e ainda um "jeep Safari" meio mixuruca, hora do regresso a Lisboa, juntamente com umas dezenas de Portugueses que não pararam quietos todo o vôo e não nos deixaram dormir, num avião velho demais mesmo para quem, como eu, nunca teve medo de voar.
Não foi a viagem da minha vida, mas também não foi mau.
A próxima será melhor.

quarta-feira, outubro 11, 2006

IL Divo


Continuo a achar que ainda posso enganar o destino e ter a ousadia de me sentir o rei da noite...
Mais uma vez aprendi a lição.
Na maior das poses, aqui o divo desce, decidido e majestoso, com a sua indumentária Felliniana, pela famigerada escadaria do Lux. A que vem do terraço, aquela onde temos que ser perfeitos porque todos os olhos a alcançam... mas onde pomos sempre o ar mais blasé do mundo, fingindo que não queremos saber.
Paternal e condescendente, aviso o meu cambaleante amigo Rui para que tenha cuidado com os degraus. Ao terminar a frase, o meu mocassin preto escorrega no quinto degrau e o meu rabo aterra algures pelo décimo quinto. A minha bengala é encontrada no fundo da escada e a minha fantástica cartola rebola atrás de mim.
O Lux observa, implacável. Eu finjo recompor-me depressa, com um sorriso altivo.
E abandono a festa com um braço em carne viva, um tornozelo dorido e mais uma queda aparatosa no currículo.
Hoje ainda me exibi por Lisboa com as minhas feridas ao léu... Achei que dava um ar másculo, de quem tem imensos acidentes de mota ou coisa do género. Mas acho que não fiz sensação.

domingo, outubro 08, 2006


sexta-feira, outubro 06, 2006

A Lei Do Desejo


"You need to be kissed.
And often.
And by someone who knows how!"

Clark Gable como Rhett Butler em "Gone With The Wind"

terça-feira, outubro 03, 2006

Shame on you, Mr Stone!


Oliver Stone conseguiu o mais difícil:
Dar-nos a enormidade do atentado de 11 de Setembro de 2001 e a perspectiva mais realista possível da grandiosidade das torres e da coragem de quem lá entrou em auxílio dos feridos.
Filmado cruamente, sem exageros de efeitos especiais que só desonrariam as vítimas ao tornar o evento num filme-espectáculo.
Mas finda esta primeira parte do filme, Stone descamba para o nível de um telefime de segundo nível, centrando-se no que de mais piroso tem o patriotismo dos Americanos.
Pior: cede espaço na película para 3 ou 4 deixas que de forma feia, fácil e pouco subtil tentam desculpar a guerra estúpida que se seguiu. Nas entrelinhas lê-se: "Vote for Bush".
Os 2.700 mortos do 11 de Setembro deviam ser lembrados como vítimas do Mal.
Não como um pretexto desonroso para um Mal ainda maior.

sábado, setembro 30, 2006

Para Quem Gosta De Actores

Eu não estou a tentar dizer nada.
É essa a minha busca.


Katurian in The Pillowman



"Um escritor num regime totalitário é interrogado acerca do conteúdo grotesco dos seus contos e das suas semelhanças com uma série de homicídios infantis que estão a acontecer na sua cidade.The Pillowman é um conto teatral que analisa a natureza e o propósito da arte de contar uma história.É uma descrição maravilhosamente negra da necessidade das histórias nos fazerem sofrer, e de nos curar."

7 de Setembro a 15 de Outubro, de 4ª a Sábado às 21h30 e Domingos às 17h, no Teatro Municipal Maria Matos

Encenação de Tiago Guedes, com Albano jerónimo, Gonçalo Waddington, João Pedro Vaz e Marco D'Almeida

quinta-feira, setembro 28, 2006

MSN Love Talk

Dragon diz:
sabes Xtatic
Dragon diz:
eu já não acredito que o amor dure para sempre...
Dragon diz:
tou cada vez mais descrente...
Dragon diz:
FODASSE, porque é que me contaram TANTAS vezes a história da bela adormecida
Xtatic diz:
nem tanto ao mar nem tanto à terra
Dragon diz:
mais valia terem acabado, com: "Viveram felizes para sempre enquanto o amor durou"#
Xtatic diz:
lol
Dragon diz:
mas, é verdade...
Dragon diz:
e agora, vejo que eu sou a unica otária que ainda acha que vai arranjar um homem, que a ame até ao ultimo dia das suas vidas, é estupido, n achas?
Dragon diz:
não paro de pensar nisto
Xtatic diz:
nao, baby, nao é nada estupido
Xtatic diz:
toda a gente no fundo pensa nisso
Xtatic diz:
mesmo que nao admita
Xtatic diz:
até a Carrie, se vires bem, com a mania das independências, e das modernices, na realidade só pensa nisso
Xtatic diz:
e a mellie, super independente, ja a ouvi falar imenso disso
Dragon diz:
eu sei... nós acreditar até acreditamos
Xtatic diz:
toda a gente quer encontrar alguem com quem ficar o resto da vida, só que ha pessoas que têm mais pressa que outras
Dragon diz:
mas, será que isso existe?
Dragon diz:
sim... mas, será que existe amor para sempre?
Dragon diz:
ou é perfeitamente cientifico e dura o que tem a durar e depois conformas-te
Xtatic diz:
umas pessoas encontram, outras não... mas mesmo as que não encontram podem ter grandes amores que não duram pra sempre mas enquanto duram são verdadeiros e lindos e tal... e que podem acabar sem filhas de putice e sem traições e sem enganos
Dragon diz:
sim, mas a questão é: existe amor para sempre?
Xtatic diz:
oh meu amor, pode existir
Dragon diz:
quem é o teu exemplo?
Xtatic diz:
o que eu acho é que nao temos que olhar para cada nova relação como uma equação cientifica
Xtatic diz:
e estar sempre a pensar se esta pessoa nos amará por 50 anos
Xtatic diz:
ou por 30
Xtatic diz:
ou por 10
Dragon diz:
pois, mas de tanto medo que isso não aconteca, não paras de pensar nisso, e acabas por contaminar o que já existe, e isso é estupido e injusto
Dragon diz:
mas, inevitável
Dragon diz:
porque quando TU descobres que o amor, só dura uma temporada, e depois transforma-se seja no que for...
Dragon diz:
aprendes que tens que ter cuidado para não te magoares
Dragon diz:
e que tentar lutar por um equilibrio é impossivel
Dragon diz:
e como TU é que és o iluminado, porque TU é que sabes que o amor não dura para sempre, fazes os possiveis para adiar isso, percebes?
Xtatic diz:
meu amor, talvez seja inevitável que mais tarde ou mais cedo numa relação todos nos questionemos se isto será pra sempre e tal... mas não tem que ser inevitável que isso vá minar a relação...
Xtatic diz:
é uma questão de fazer um esforço para discernir
Dragon diz:
eu acho MESMO ( e atenção que eu acho que posso estar a ser pretensiosa) que descobri a verdadeira essencia do amor...
Dragon diz:
lol
Dragon diz:
e que isso não me está a ajudar
Dragon diz:
ser iluminada é pior do que não ser, porque ao saberes sofres com a verdade
Dragon diz:
damn... quem me dera ser burra
Xtatic diz:
ahahah
Dragon diz:
lol
Xtatic diz:
baby... go with the flow
Xtatic diz:
ok?
Dragon diz:
i'll try
Dragon diz:
espero conseguir fazer com que as pessoas se apaixonem por mim, todos os dias
Dragon diz:
e para isso, acho que passa por saber manter a minha individualidade
Dragon diz:
e dar-lhe liberdade para a dele...
Dragon diz:
só assim é que vais sentir falta TODOS os dias
Dragon diz:
não achas?
Xtatic diz:
yes honey
Dragon diz:
e continuar a ser uma louca na cama, claro!
Dragon diz:
LOLOLOLOLOLOLOL
Xtatic diz:
ahahah
Dragon diz:
nhamiii
Xtatic diz:
love you!

quarta-feira, setembro 27, 2006

Seguir Caminho

-Roslyn (Marilyn Monroe):
"How do you find your way back in the dark?"

- Langland (Clark Gable):
"Just head for that big star straight on.
The highway's under it - it'll take us right home."

in The Misfits (1961)


terça-feira, setembro 26, 2006

Bang!

Quando me sinto já morto e só quero matar-me outra vez.
Quando perco o respeito por mim mesmo.
Quando a euforia, sem desculpa,
trai a minha convicção mais louvável...


... e me deixo seguir pelo caminho mais fácil,
sempre o mais perigoso.

quinta-feira, setembro 21, 2006

A(s) Noites(s)

Ao longe, ao luar,
No rio uma vela,
Serena a passar,
Que é que me revela?

Não sei, mas meu ser
Tornou-se-me estranho,
E eu sonho sem ver
Os sonhos que tenho.

Que angústia me enlaça?
Que amor não se explica?
É a vela que passa
Na noite que fica.

Fernando Pessoa

sexta-feira, setembro 15, 2006

Querer/Crer


"Gosto da palavra crer.
Em geral, quando alguem diz eu sei, nao sabe, crê.
(...)
Viver é crer - pelo menos isto é o que eu creio."
Marcel Duchamp

quinta-feira, setembro 14, 2006

(In)Significado


Quero descrever a solidão e não sei.
Deve ser isso mesmo que ela é,
uma ausência de "comos" e "porquês".
Uma lágrima tímida, descabida,
no meio de risos e amigos...
que não pertence a nada nem a ninguém.

segunda-feira, setembro 04, 2006

Strike A Pose!


"Poor is the man whose pleasures depend
on the permission of another"
Madonna, "Justify my love"

sábado, setembro 02, 2006

Great Expectations


Chegado a Lisboa, não preguei olho a noite inteira. Não sei o que me roubou o sono. Talvez o calor infernal, a inquietação do regresso.
As saudades dos meus amigos eram ainda maiores do que imaginava.
Nada mudou. A Noite, o Chiado, o Bairro Alto...
Continuam no mesmo sítio. Mas percorri-os com uma vontade que parecia nova.
Já conto duas noites, muita cerveja e uma mão-cheia de reencontros:
Com amigos. Com algumas tentações.
Um novo amigo, antes virtual, ganhou corpo num canto da noite.
Hoje vou de novo para a rua, brindar ao regresso. Ao Verão quase no fim.
A um ano melhor que o anterior... fraco, meio vazio.

terça-feira, agosto 29, 2006

Variações

Conto os dias para Quinta-Feira,
quando a minha mãe anuncia que fica até Sábado...
Apoio. Mas eu não fico. Vou para Lisboa no dia planeado.
Urgentes, as minhas férias das férias.
Dá Deus nozes a quem não tem dentes, dirão.
Talvez.

Não consigo dominar
Este estado de ansiedade
A pressa de chegar
P'ra nao chegar tarde
Nao sei de que é que eu fujo
Será desta solidão
Mas porque é que eu recuso
Quem quer dar-me a mão
Vou continuar a procurar
A quem eu me quero dar
Porque até aqui eu só:
Quero quem quem eu nunca vi
Porque eu só quero quem
Quem nao conheci
Porque eu só quero quem
Quem eu nunca vi
Porque eu só quero quem
Quem nao conheci
Porque eu só quero quem
Quem eu nunca vi
Esta insatisfacao
Nao consigo compreender
Sempre esta sensação
Que estou a perder
Tenho pressa de sair
Quero sentir ao chegar
Vontade de partir
P'ra outro lugar
Vou continuar a procurar
A minha forma
O meu lugar
Porque até aqui eu só:
Estou bem aonde eu nao estou
Porque eu só quero ir
Aonde eu nao vou
Porque eu só estou bem
Aonde eu não estou
Porque eu só quero ir
Aonde eu nao vou
Porque eu só estou bem
Aonde não estou

António Variações, "Estou além"

sexta-feira, agosto 25, 2006

A Força



A Super-Mulher tem a mesma idade que eu. 24 anos.
Fomos colegas de turma no liceu e amigos de grandes gargalhadas. Acabada a escola, o tempo distanciou-nos, perdemo-nos um pouco. Passámos a ser daqueles amigos que se encontram de vez em quando, por acaso, pelo Chiado ou numa festa qualquer. Quando acontece, é uma festa, e o tempo não chega para o que temos a falar, a rir. Dizemos sempre que "temos que combinar qualquer coisa!" Mas só nos encontramos no próximo acaso.
Há umas semanas, foi-lhe descoberto um tumor. Sabe-se agora que é maligno. E fico a saber também que a Super-Mulher já está em tratamento, que continuará por meses.
Quase que me esqueço que a Super-Mulher é isso mesmo, uma força que arrasta o mundo inteiro com a sua energia ilimitada. E caio no que tendemos sempre a sentir por quem sabemos estar menos bem: Pena.
Enviei-lhe, ontem, um sms a dar-lhe força, e disse-lhe que quando regressar a Lisboa contará comigo para o que for preciso. Achei que ela ia registar o gesto, apreciá-lo.
Apreciou, tenho a certeza. E de volta, não recebi um simples sorriso de reconhecimento. Recebi uma lição. Em resposta ao meu sms, recebi outro, do tamanho de cinco.
A Super-Mulher está com mais força, mais activa que nunca. Inscreveu-se num curso de italiano e na faculdade, deseja-me que me divirta muito no resto das minhas férias, diz que me espera em Lisboa, num tom alegre e decidido. Despede-se como a "amiga distante mas que pensa muito em ti!"
Sempre foi assim, a Super-Mulher. Nunca deixou de pensar nos outros para se fechar nas suas tristezas.
Os heróis como ela fazem-nos ver que mais do que dramas, das lutas devem resultar alegrias. E força.
Gosto muito de ti, Super-Mulher!

terça-feira, agosto 22, 2006

Vacation Pics






domingo, agosto 20, 2006

O Barrete

Saiu aos beijos com quem eu menos esperava...
Era o cúmulo da pinta, a excepção à regra, no meio de tantos "clones".
Foi "A Festa Do Chapéu". Para mim, foi um grande barrete.

sábado, agosto 19, 2006

Calafrios

Faz parte da tradição São Martinhense adoecer-se a meio do mês, já se sabe. Os dias muito quentes seguidos de noites geladas são fatais. Como foi fatal o banho de água gelada que tomei ontem à noite quando se acabou o gás. Os meus vizinhos provavelmente pensaram que me masturbava com afinco, tantos foram os meus gemidos. Mas não era prazer. Era dôr.
Hoje estou às portas da morte mas vou sair na mesma, é o último fim-de-semana animado por aqui e muitos amigos meus partem amanhã. Na segunda-feira, começa a semana em que me vão saber bem uns primeiros dias mais descansados, de novo com menos gente, e onde vou agonizar, nos últimos dias, de solidão e saudades de Lisboa.

quinta-feira, agosto 17, 2006

"Sunset In Salgado" e "O Ataque Dos Clones"



Regressados do Algarve, encontramos um Oeste invernoso e cinzento.
Escondido da chuva, descanso do fim-de-semana esgotante e da noite mal dormida na aventura campista.
Ao fim da tarde, um copo no Salgado e uns minutos à beira-mar. Voltam, por uns minutos, fios de nostalgia e aquele vazio indefinido, disfarçado pelo ânimo dos amigos de verão e pelo sorriso reconquistado pela Carrie.
Mais tarde, voltamos às noites e à agitação tradicional da terceira semana de Agosto em São Martinho. Calha-me de novo conduzir, mas desta vez divirto-me tanto como todos os que bebem até cair. Danço mais que todos e rio-me com os disparates de todos.
Distraio-me com as nossas gargalhadas, parvoíces, o sorriso dos meus amigos.
Mas não há mais nada. As caras que vejo lavam-me a vista mas perdem o interesse cada vez mais depressa. Porque cada vez há menos novidade. Cada vez mais são todos iguais, vestidos da mesma maneira, arranjados com a mesma pose. Chamamos-lhes agora "Os Clones".
Todos diferentes, todos (muito) iguais.

quarta-feira, agosto 16, 2006

Surprise Show


Há semanas que andávamos em combinações, segredinhos, expectativas. Por uns dias, fomos uma espécie de Oprah Winfrey no colectivo! Com menos meios, é certo, mas com uma mão-cheia de boa vontade!
Dia 14 era o dia de anos da Dragonfly, e a Carrie lembrou-se: porque não fazer-lhe uma surpresa e raptá-la para Sagres e vamos todos ao Surf Festival? Mas a supresa implicava alguns pormenores dignos da produção do Oprah Show: A Dragonfly deveria, supostamente, ir trabalhar na segunda-feira, sem direito à ponte para o feriado de terça-feira. A Carrie, como produtora promissora que é, tratou de arranjar um esquema com o patrão da Dragonfly para que ela pensasse que tinha mesmo que ir trabalhar, quando na verdade ele lhe dava o dia de folga. A Dragonfly rogou mil pragas ao seu patrão supostamente tirano, agora acredito que já tenha feito as pazes com ele! Entretanto, mudança de planos familiares da Dragonfly acrescentam grandiosidade ao nosso plano mirabolante: Ela iria passar o fim-de-semana a Tavira, com a família, convencida de que ao fim do dia de Domingo regressaria a Lisboa. O nosso plano de viagem passou então a delinear-se: Carrie e Xtatic abandonariam São Martinho do Porto (100 klm a Norte de Lisboa) rumo a Vila Nova de Mil-Fontes onde Axgan se juntaria ao grupo. Depois de umas horas de praia no Malhão, de novo na estrada, seguiríamos para Tavira. Lá surpreenderíamos Dragonfly, minutos antes da meia-noite. E supreendemos mesmo! Ela estava longe de sonhar ver-nos aparecer no Algarve, quando estávamos a mais de 400 klm de distância!
Seguiu-se uma noite de paródia em Tavira, e estadia em Pedras D'El Rey, em casa dos tios da Carrie. De manhã, rumo à ponta oposta do Algarve, Sagres!
O que se passou a partir daqui é-me impossível descrever na íntegra, pois precisaria de 10 posts e tempo que não tenho... Mas incluiu a minha estréia no fascinante e hilariante mundo do Campismo, algumas horas hilariantes (mas um pouco sonolentas) de praia, muitas fotografias malucas, duas explosões apocalípticas provocadas em mim pelo mau-feitio da Carrie, um festival de música boa (com excepção do irritante e insonso Patrice), mais de 1000 klm de estrada e a conclusão a que cheguei de que não poderia nunca viver com nenhuma das pessoas com quem viajei. Adoro-os a todos, mas 48 horas tão intensivas, metade das quais passadas enfiados em carros, trazem ao de cima aquelas pequenas/grandes diferenças que nos deixam à beira de um ataque de nervos.
Mas o mais importante foi mesmo o termos proporcionado um dos dias de anos mais divertidos da Dragonfly, que sempre sofreu do eterno problema de quem faz anos no pico do Verão: nunca lhe é possível juntar os amigos para comemorar. A única coisa que falhou, para todos nós, foram os engates! Carrie, onde andavam os prometidos "nacos"? Os poucos que lá vimos estavam, com certeza, distraídos!
Findo o fim-de-semana, a Dragonfly regressou a Lisboa para trabalhar (agora menos contrariada) e a Carrie e eu voltámos para o belo Oeste! Aguarda-me agora uma segunda quinzena de Agosto mais sossegada... Ou talvez não!

quinta-feira, agosto 10, 2006

Lisboa Versus São Martinho

Hoje interrompi as minhas férias por umas horas... Fui a Lisboa tratar de 2 ou 3 assuntos.
Sempre adorei Lisboa em Agosto... Mas hoje, com a sensação de quem só está de passagem, senti-me desconfortável. Com o calor, o barulho, a confusão. Matei saudades do Chiado e voltei a correr para o sossego. Com a secreta esperança de que em breve alguma confusão invada também estas paragens. Para ter ao menos a sensação, mais ou menos falsa, de que há, para além dos meus amigos de sempre, alguém para quem valha a pena olhar.

terça-feira, agosto 08, 2006

Mitch Xtatic Buchannon


Cada mergulho meu no perigoso mar do Salgado era mais longo e arriscado...
A Carlota dizia, orgulhosa: "O xtatic está um verdadeiro Mitch!" O meu ego inchava e eu voltava a mergulhar, cada vez mais em pose... A Marta, orgulhosa, dizia: "Ele é o nosso Mitch Buchannon!"
Quantas mais pessoas admiravam a minha ousadia marítima, mais corajoso eu me sentia... Mas de repente comecei a notar, nos olhares dos meus espectadores, esgares de medo e preocupação, em vez de invejosa admiração! Os vagalhões eram cada vez maiores, e quando um deles, com 3 metros de altura, me derrubou e me fez dar 10 voltas descontroladas e desaperceber-me se estava virado para cima ou para baixo, percebi que estava em sarilhos! A cada tentativa de sair da água, uma nova onda aparecia e obrigava-me a mergulhar... Já vinha um dos valentões da praia em meu socorro quando finalmente consegui sair, ofegante, estoirado, observado pelo "social" implacável ... e com o ego a pingar por mim abaixo.
Por uns minutos fui o Mitch Buchannon... Mas a Natureza depressa arranjou maneira de me reduzir de novo ao pequenino e indefeso Xtatic.
Bolas!

sábado, agosto 05, 2006

Fazes-me Falta


O mar do Salgado sabe-me melhor que nunca...
A noite passada foi a primeira noitada. No meu caso, foi uma noitada sóbria... calhou-me a mim conduzir até à Foz. Ainda temi não me divertir, como acontece muitas vezes a quem está sóbrio no meio de um grupo bastante bebido. Mas acabei por dançar, dançar, dançar... E observar bastante. Teria tanto para contar do que observei ontem... se me apetecesse. As figuras tristes de alguns atrasados mentais que povoam este meu destino de férias e que se acham o máximo, as súbitas e suspeitas amizades de figuras que sempre se mal-disseram mútuamente, a graça brutal de algumas amigas minhas bastante "tocadas". E o mais divertido: a constatação, hoje, na praia, de que nenhuma destas pessoas se lembra de nada disto.
À parte destas futilidades todas: bateram-me com força as saudades da minha melhor amiga, presa em Lisboa a trabalhar... Espero que se junte a mim depressa! Fazem-me falta as piadas, os piscares de olhos, o entendimento silencioso. E a convicção dela na teoria de que o amor está sempre aí ao virar da esquina...
Duvido que o meu esteja numa esquina de São Martinho do Porto, mas ela há-de arranjar uma maneira deliciosa de me fazer acreditar, nem que seja só por uns hilariantes instantes!

quinta-feira, agosto 03, 2006

Tão Perto E Tão Longe


É aqui que as minhas noites, por enquanto calmas, me têm deixado pensar...
Sem grandes conclusões, é certo...
Mas parece que a distância de Lisboa mata aquela pressa de encontrar qualquer coisa que não sei bem o que é... que parece estar sempre a uma rua de distância, quando vagueio pelo Bairro Alto...
Em breve tenho que decidir se fico por aqui ou se intervalo São Martinho com uns dias de Alentejo...
Fique por onde ficar, as próximas noites querem-se um pouco mais agitadas... Menos reflexão e mais copos, pevides, gargalhadas, primos e amigos!

terça-feira, agosto 01, 2006

Com Os Pés No Salgado

É a melhor praia do mundo... E conquista-me sempre, mesmo quando venho mais contrariado.




As férias têm muitas vezes em mim este efeito:
lembram-me do que tenho realmente saudades.
E do que me faz falta.

domingo, julho 30, 2006

Há Dias Assim

quinta-feira, julho 27, 2006

Partilha


A olhar para o pôr do sol, a Carlota disse:
"Que dia tão bom...!"
Eu aproveitava, em silêncio, o fim do nosso grande dia de praia...
Ela acrescentou, baixinho:
"Só queria ter aqui um namorado pra dar beijinhos..."
Eu pensei (mas não disse):
"Eu também...!"

(des)foco

Como posso eu esperar que alguém me leve a sério?

Acabo de chegar a casa, com 4 copos a mais do que devia, de uma noite no bairro em que descobri que tinha a lente do olho esquerdo no direito e a do direito no esquerdo. Isto depois de 3 semanas em crise hipocondríaca a queixar-me a todos os meus amigos que não andava a ver bem, que se passava algo com os meus olhos, que tinha que ir ao médico... foram precisas umas quantas imperias pra perceber que andava há 3 semanas com as lentes trocadas...!
Adorava explorar aqui imenso o que isto diz da minha personalidade, mas no estado decadente em que estou é uma sorte já ter conseguido escrever estas poucas linhas sem erros de maior (já revi 10 vezes). por isso, em relação a este episódio, fico-me por um simples "lol".

terça-feira, julho 25, 2006

Não Me Calei


Este verão está esquisito.
A minha hipocondria está ao rubro.
A noite morreu.
As minhas amigas têm casos amorosos em catadupa.
Não os consigo acompanhar.
O meu pai é um merdas.
O meu irmão anda melhor.
Estou desempregado.
Estou ansioso.
Estou bronzeado.
Sinto-me giro.
Sinto-me feio.
Tou falido.
Tenho curtido.
Tenho bebido.
Tenho bons amigos.
Sinto-me sozinho.
Quero apaixonar-me.
Tenho medo de me apaixonar.

Tudo isto é confuso.
Amanhã farei melhor.

sexta-feira, março 24, 2006

49 beijos

Parabéns!

quarta-feira, março 01, 2006

Para onde?

"Os Ventos nunca são favoráveis àqueles que não sabem aonde querem chegar."

Guillerme de Orange



fotografia: Diogo Lopes

"O Destino, na verdade, vende aquilo que julgamos que nos dá."

La Fontaine

sábado, fevereiro 25, 2006

"Nunca se é suficientemente amado"

"Pés para quê, se tenho asas para voar?"
Frida Kahlo

Auto-Retrato, Frida Kahlo

segunda-feira, fevereiro 20, 2006

Manias

by www.saopaginastantas.blogspot.com request

1. Andar a pé e achar que tudo é "já ali à frente", ter um passo muito rápido que poucos acompanham sem se queixar da minha velocidade exagerada.

2. Ler o jornal ao contrário, começando pela última página! Mania de miúdo, quando a única página que me interessava no jornal era a da televisão e afins... E que não perdi mesmo depois de me começar a interessar pela actualidade em geral...

3. Confirmar tudo mil vezes! Não ser capaz de sair de casa sem voltar pelo menos 2 ou 3 vezes à cozinha pra confirmar se o gás ficou desligado, verificar se as janelas estão fechadas, as luzes apagadas, etc... Ou não sair de um quarto de hotel sem verificar mil vezes se não ficou nada esquecido ou caído debaixo de uma cama ou na casa de banho, por exemplo... Nos transportes públicos, ou em espaços com excesso de gente, levar a mão ao bolso mil vezes pra confirmar se a carteira ainda lá está, se não perdi o bilhete do metro ou autocarro, etc...

4. Controlar as horas. Olhar para o relógio com uma frequência exagerada. Saber sempre que horas são e quanto tempo falta para determinado acontecimento.

5. Gaffes! A derradeira mania! Perguntar sempre a quem não devo por um/a namorado/a que afinal já não é... comentar alegremente em alta voz sobre uma festa que afinal era surpresa... e por aí adiante!

passo o meu testemunho a:
www.meiolimaomeio.blogspot.com

sexta-feira, fevereiro 17, 2006

Muita Merda!!!

Adoro que te chamem doutora, que te vistas de fato e gravata, que trabalhes imenso e que tenhas responsabilidades, que cresças e te dêem valor, que sues muito e ganhes dinheiro, que tenhas um ar importante e que sejas mesmo importante...
Só não deixes é de curtir, de rir e de me fazer rir, de ser miúda e disparatar, de correr e tropeçar, de dançar e cantar, de namorar e de chorar, e eu a aturar...!

quarta-feira, fevereiro 15, 2006

29 Beijos

Parabéns!

ACREDITAR

Tratar a criança com cancro e não só o cancro na criança!
Dia Mundial Da Criança Com Cancro

terça-feira, fevereiro 14, 2006

O Pecado Mora (Sempre) Ao Lado


"Fala por ti! Tu podes ser pecador,
mas eu cá nunca tive oportunidade..."

Ennis Del Mar, "Brokeback Mountain"

domingo, fevereiro 12, 2006

Para Vocês 2

Riscámos as últimas linhas e arrancámos a página.
Encontrámos paz numa luta de almofadas...
Só os amigos vencem...!
Obrigado!

quinta-feira, fevereiro 09, 2006

Tempo

Este tempo não me serve. Gasta-se em mim em Desperdício:
De Pensamento, de Vontades. De Amor, de Utilidades.

quarta-feira, fevereiro 08, 2006

Utopia


We'd gather around all in a room
Fasten our belts engage in dialogue
We'd all slow down rest without guilt
Not lie without fear disagree sans judgement

We would stay and respond and expand and include
And allow and forgive and enjoy and evolve
And discern and inquire and accept and admit
And divulge and open and reach out and speak up

We would share and listen and support and welcome
Be propelled by passion, not invest in outcomes
We would breathe and be charmed and amused by difference
Be gentle and make room for every emotion

We'd rise post-obstacle, more defined, more grateful
We would heal, be humbled, and be unstoppable
We'd hold close and let go and know when to do which
We'd release and disarm and stand up and feel safe


Alanis Morissette, Utopia

segunda-feira, fevereiro 06, 2006

Sinuosos 23

Tropeço em palavras, dúvidas, pensamentos...
Um fim-de-semana, umas cervejas, disparates e duas desilusões.
Um vazio que cresce, problemas que espreitam, chateiam, por trás do ombro a insistir.
E um novo relativizar de tantas coisas... é bom, mas assusta!
Que Puta de idade!
Qualquer coisa que me buscasse, um namoro, um desafio, uma depressão. Nada. Meio-Termo. Pôrra!

(Des)Ilusão

Why should I feel sad
For what I never had?
Nothing equals nothing.
Turn to stone...
Lose my faith...
I'll be gone...Before it happens.

Madonna, "Gone"

sábado, fevereiro 04, 2006

Ilusão

"Lançamos o barco, sonhamos a viagem:
quem viaja é sempre o mar."

Mia Couto, Mar me quer

quinta-feira, fevereiro 02, 2006

As Nossas Noites


Varremos o Bairro Alto a tropeçar em gargalhadas.
Corremos as ruas, repetidas, não lhes sabemos o nome.
Gozamos a bebedeira, não a nossa, a do outro.
Confessamo-nos... e ainda me surpreendes!
Temos sempre saudades da noite que passou...
E um nervoso contente pela que há-de vir.

terça-feira, janeiro 31, 2006

Cada Macaco No Seu Galho


A coerência é inimiga do facilitismo, do pensamento curto... Não é nossa por direito próprio, é cara, é um desafio. Nem todas as nossas verdades são compatíveis, o que dizemos hoje sobre o Amor não desculpa o nosso Ódio de amanhã... E a maior das incoerências é sentir-me revoltado quando alguém não é coerente, pelo menos até ao dia em que eu possa dizer que o sou a tempo inteiro... Suspeito que essa incoerência não se descolará de mim tão cedo...! Porque nem conseguirei sempre ser coerente nas minhas idéias, virtudes, defeitos, causas, negligências... Nem muito menos conseguirei deixar de me revoltar quando alguém, próximo ou não, me exibe o seu irreflectido desprendimento da verdade, da razão e... da coerência.
A revolta do dia chega-me em formato 2 em 1, ou melhor, chega ao mesmo tempo por duas vias: um pivô de telejornal que não conheço pessoalmente, mas que me deve a seriedade e a isenção que supostamente jurou, e um familiar próximo que comigo escutava o mesmo telejornal:

As nomeações para os Óscares!! Com o interesse que habitualmente dedico ao evento, espero as revelações, conjuro se haverá surpresas...
O pivô anuncia, com sorriso rasgado, que foram hoje divulgados os nomeados... e introduz a peça dizendo que o filme mais nomeado é "Brokeback Mountain", de Ang Lee. "O filme é uma história de amor..."(pausa) Aqui, querendo ser engraçado e como se estivesse a falar para uma cambada de retrógados e mentecaptos, chega-se mais perto da câmara, apoia-se na mesa, baixa o tom de voz, e finaliza: "...entre dois Cowboys!". Ui, que chocados que todos nós ficámos!!
A dita peça sobre as nomeações começa precisamente com um excerto do filme de Ang Lee, e imagens dos dois protagonistas apaixonados...
Às quais o tal meu familiar dedica o comentário: "Até os cowboys já são paneleiros!"
Este meu familiar é o mesmo que, por várias vezes, pregou aos membros mais jovens da família que não se deve julgar ninguém baseado em factores tão fúteis como a aparência, ou descriminar seja quem for só porque não é parecido connosco... Mas então porquê esta reacção a um beijo apaixonado de Heath Ledger e Jake Gylenhall? Ah, mas é evidente!
Os sábios e sensatos conselhos que este meu jovem familiar desfiava vinham na sequência de comentários jocosos e depreciativos que duas adolescentes, na irreflexão própria da idade e das modas que a acompanham, haviam feito sobre uma colega "bimba" e "mal-vestida"...
Ele, muito bem, advertiu-as de que não era correcto apontar-lhes o dedo por serem diferentes delas próprias... E ele sabe bem o que é ser vítima desse julgamento... Não abunda nele o maior dos primores no que diz respeito à indumentária, e a própria mãe já chegou a assustar-se ao cruzar-se na rua com ele e os seus amigos maltrapilhos, confundindo-os com drogados ou assaltantes... Situação desagradável.
Mas uma coisa é não apontar o dedo aos seus amigos maltrapilhos e descuidados, que no entanto são pessoas com vivências "normais", outra coisa é reagir com complacência perante um beijo entre dois homens! Isso não! "Deviam ter vergonha!"

A Integridade e a Tolerância, pelos vistos, nem sempre estão à mão de semear... Só quando nos dá mais jeito, só quando nos servem melhor...

Porquê?

"Não importa o que se ama. Importa a matéria desse amor. As sucessivas camadas de vida que se atiram para dentro desse amor. As palavras são só um princípio - nem sequer o princípio. Porque no amor os princípios, os meios, os fins são apenas fragmentos de uma história que continua para lá dela, antes e depois do sangue breve de uma vida. Tudo serve a essa obsessão de verdade a que chamamos amor. O sujo, a luz, o áspero, o macio, a falha, a persistência."

Ines Pedrosa, in "Fazes-me Falta"